Um projeto do Distrito Federal lançou uma cartilha, batizada de “Eu Me Protejo”, para ensinar crianças a se protegerem contra abuso sexual. Em linguagem simples e ilustrado com desenhos, o material tem como objetivo explicar o que os jovens devem ou não consentir a respeito do próprio corpo e como devem agir caso se sintam desconfortáveis ou em perigo.
LEIA MAIS:
- Xuxa defende denúncia de violência contra crianças e adolescentes: “Não se cale”
- Silvio Santos faz concurso de miss com meninas de maiô e revolta a internet
- Casa brasileira ganha destaque no exterior por ser ideal para crianças
Sob o alerta de “cuidado!”, a cartilha menciona situações como: alguém pedir para a criança mostrar as partes íntimas, quiser filmar ou tirar fotos dela, quiser entrar junto no banheiro, “brincar de médico” ou pedir para o menino ou menina tirar a roupa.
Além de descrever situações de perigo, o material explica às crianças como se comportar diante de tais abordagens, recomendando que gritem, corram, peçam socorro, neguem o contato e relatem a uma pessoa de confiança o que aconteceu.
“Atenção! Mesmo que essa pessoa diga que isso é segredo, ou que ninguém vai acreditar em mim se eu contar. Ou que algo de ruim vai acontecer com alguém que eu amo se contar. Isso se chama ameaça. Nunca acredito numa ameaça! Conto tudo, a ameaça também”, diz o texto.
O material foi idealizado por Patrícia Marinho de Almeida e apresentado como sua dissertação de um mestrado em Estudos da Deficiência pela Universidade da Cidade de Nova York (Cuny, na sigla em inglês).
Segundo Patrícia, a ideia da cartilha que ensina crianças a se protegerem contra abuso sexual começou a surgir em 2018, quando ela voltou para o Brasil após uma temporada no exterior. “Tínhamos passado os últimos anos em Genebra, e ela estudou com professores particulares pois na Suíça, por incrível que pareça, ainda não há escolas inclusivas”, conta a jornalista no site do projeto.
“Por um lado estava super feliz em poder voltar ao meu país pra minha filha ter acesso ao ensino inclusivo, que as pesquisas mostram que é melhor não apenas para ela, como para todos os estudantes e a comunidade escolar. Por outro lado, entrei em pânico, pois minha filha não tinha tido a oportunidade de conviver com colegas da sua geração e não estava preparada para algumas situações da vida. Daí eu pensei: ‘Ela precisa aprender a se defender'”, conta.
Um grupo de 50 profissionais de diferentes áreas atua no projeto que ela conduz em Brasília, que também busca dialogar com adultos.
A cartilha é gratuita e pode ser acessada e baixada nas versões PDF ou vídeo-livro. O conteúdo também é acessível a crianças com deficiência.